quarta-feira, 12 de maio de 2010

BRISA
Manoel Bandeira

vamos viver no Nordeste, Anarina.Deixarei aqui meus amigos, meus livros, minhas riquezas, minha vergonha.Deixaras aqui tua filha, tua avo, teu marido, teu amante.Aqui faz muito calor.No Nordeste faz calor tambem.Mas lá tem brisa:Vamos viver de brisa, Anarina.



joão pedro

terça-feira, 11 de maio de 2010

MASCARADA
Você me conhece?
(Frase dos mascarados de antigamente)
- Não conheço não.
- Ah, como fui bela!
Tive grandes olhos,que a paixão dos homens(estranha paixão!)
Fazia maiores...Fazia infinitos.
Diz: não me conheces?
- Não conheço não.
- Se eu falava, um mundo
Irreal se abria à tua visão!
Tu não me escutavas:
Perdido ficavas
Na noite sem fundo
Do que eu te dizia...
Era a minha fala
Canto e persuasão...
Pois não me conheces?
- Não conheço não.
- Choraste em meus braços
- Não me lembro não.
- Por mim quantas vezes
O sono perdeste
E ciúmes atrozes
Te despedaçaram!
Por mim quantas vezes
Quase tu mataste,Quase te mataste,Quase te mataram!
Agora me fitas
E não me conheces?
- Não conheço não.
Conheço que a vida
É sonho, ilusão.
Conheço que a vida,
A vida é traição.

Não Sou Manoel

Manoel Bandeira

Chega
Já deu
Não sou Manuel Bandeira mas vou-me embora ...

Aqui despedaço
Trituro
Remouo
Firo Junto ao sol

As lembranças também fritam
Tenho pelo menos 3 queimaduras
De terceiro grau

Sempre existiu tanta aversão pelo fogo...
Não há por que isso permitir
Ficar tanto tempo nesse calor

Volto pra onde nasci
Troco de lugar
De pele
A cor do cabelo
E o endereço

Quem sabe assim eu não consigo fugir
Das lembranças daquilo que eu tanto persegui ?

Luis Henrique 7ºB

Fonte : http://www.pensador.info/poemas_de_manoel_bandeira/2/

Recife


Há quanto tempo que não te vejo!
Não foi por querer, não pude.
Nesse ponto a vida me foi madrasta,
Recife.

Mas não houve dia em não te sentisse dentro de mim:
Nos ossos, nos olhos, nos ouvidos, no sangue, na carne,
Recife.

Não como és hoje,
Mas como eras na minha infí¢ncia,
Quando as crianças brincavam no meio da rua
(Não havia ainda automóveis)
E os adultos conversavam de cadeira nas calçadas
(Continuavas proví­ncia,
Recife).

Eras um Recife sem arranha-céus, sem comunistas,
sem Arrais, e com arroz,
Muito arroz,
De água e sal,
Recife.

Um Recife ainda do tempo em que o meu aví´ materno
Alforriava espontaneamente
A moça preta Tomásia, sua escrava,
Que depois foi a nossa cozinheira
Até morrer,
Recife.

Ainda existirá a velha casa senhorial do Monteiro?
Meu sonho era acabar morando e morrendo
Na velha casa do Monteiro.
Já que não pode ser,
Quero na hora da morte, estar lúcido
Para te mandar a ti o meu último pensamento,
Recife.

Ah Recife, Recife, non possidebis ossa mea!
Nem os ossos nem o busto,
Que me adianta um busto depois de eu morto?
Depois de morto não me interesará senão, se possí­vel,
Um cantinho no céu,

"Se o não sonharam", como disse o meu querido João de Deus,

Recife.
A Morte Absoluta
Manuel Bandeira
Morrer.
Morrer de corpo e de alma.
Completamente.
Morrer sem deixar o triste despojo da carne,
A exangue máscara de cera,
Cercada de flores,
Que apodrecerão - felizes! - num dia,
Banhada de lágrimas
Nascidas menos da saudade do que do espanto da morte.
Morrer sem deixar porventura uma alma errante...
A caminho do céu?
Mas que céu pode satisfazer teu sonho de céu?
Morrer sem deixar um sulco, um risco, uma sombra,
A lembrança de uma sombra
Em nenhum coração, em nenhum pensamento,
Em nenhuma epiderme.
Morrer tão completamente
Que um dia ao lerem o teu nome num papel
Perguntem: "Quem foi?...
"Morrer mais completamente ainda,
- Sem deixar sequer esse nome.
Feito por: Jade

O Bicho

Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os destritos
Quando achava alguma coisa,
Não examinava nen cheirava:
Engolia com velocidade.
O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.
O bicho , meus Deus , era um homem.
Satélite

Autor: Manuel Bandeira

Fim de tarde.
No céu plúmbeo
A lua baça
Paira.
Muito cosmograficamente
Satélite.

Desmetaforizada,
Desmitificada,

Despojada do velho segredo de melancolia,
Não é agora o golfão de cismas,
O astro dos loucos e enamorados,
Mas tão somente
Satélite.

Ah! Lua deste fim de tarde,
Desmissionária de atribuições românticas;
Sem show para as disponibilidades sentimentais!

Fatigado de mais-valia,
gosto de ti,assim:
Coisa em si,
-Satélite.



Aluno: Léo L. F.

7 Ano B
Retirei o conteúdo postado.

Professora Márcia

VOU-ME EMBORA PRA PASÁRGADA

Nome: Guilherme
Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada
Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconseqüente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que eu nunca tive
E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe-d'água.
Pra me contar histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Pasárgada
Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone automático
Tem alcalóide à vontade
Tem prostitutas bonitas
Para gente namorar
E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
Lá sou amigo do rei
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada.

Manuel Bandeira
Cor do texto (Não a titulo)
Manuel Bandeira


Beijo pouco, falo menos ainda
Mas inventando palavras
Que traduzem ternuas mais profunda
E mais cotidiana .
Inventei, por exemplio, o verbo teadora
Intransitivo: Teadoro, teadora

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Namorados

O rapaz chegou-se para junto da moça e disse:
-Antônia, ainda não me acostumei com o seu corpo, com sua cara.
A moça olhou de lado e esperou.
-Você não sabe quando a gente é criança e de repente vê uma lagarta listrada?
A moça se lembrava:
-A gente fica olhando...
A meninice brincou de novo nos olhos dela.
O rapaz prosseguiu com muita doçura:
-Antônia, você parece uma lagarta listrada.
A moça arregalou os olhos, fez exclamações.
O rapaz concluiu:
-Antônia, você é engraçada! Você parece louca

Manuel Bandeira

ARTE DE AMAR

Publicado por: Giovanni Marciano
Se queres sentir a felicidade de amar, esquece a tua alma.
A alma é que estraga o amor.
Só em Deus ela pode encontrar satisfação.
Não noutra alma.Só em Deus - ou fora do mundo.
As almas são incomunicáveis.
Deixa o teu corpo entender-se com outro corpo.
Porque os corpos se entendem, mas as almas não.

Manuel Bandeira

Poema do Manuel Bandeira


O Menino Doente
Aline. P 7°B



O menino dorme.

Para que o menino
Durma sossegado,
Sentada ao seu lado
A mãezinha canta:
"Dodói, vai-te embora!
"Deixa o meu filhinho,
"Dorme... dorme... meu..

Morta de fadiga,
Ela adormeceu.
Então, no ombro dela,
Um vulto de santa,
Na mesma cantiga,
Na mesma voz dela,
Se debruça e canta:-
"Dorme, meu amor.
"Dorme, meu benzinho...

"E o menino dorme

Poema de Manuel Bandeira - O Bicho

O Bicho
Manuel Bandeira

Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.
Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.
O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.
O bicho, meu Deus, era um homem.

Gabriel - 7 ano B

Poema do Manuel Bandeira

Nas Ondas do Mar
Manuel Bandeira
Nas ondas da praia
Nas ondas do mar
Quero ser feliz
Quero me afogar.
Nas ondas da praia
Quem vem me beijar?
Quero a estrela-d'alva
Rainha do mar.
Quero ser feliz
Nas ondas do mar
Quero esquecer tudo
Quero descansar.
João Vitor 7ºB

poesia de pedro bandeira

Há o momento de chegada
E o instante de partida
Quanta vida já vivi
Quanto resta a ser vivida?
São dois espelhos quebrados
Dois vezes sete de má sorte
Já vivi quatorze anos
Quanto resta para a morte?
É fácil vê-la chegar
Em cada momento que passe
Pois se começa a morrer
No momento em que se nasce
Estou caminhando pra morte
Não decidi meu nascer
Da morte não sei o dia
Mas posso saber!